quinta-feira, 26 de maio de 2011

Levantamento aponta que em Minas Gerais existem 355 crianças desaparecidas

Minas Gerais tem 355 mães e pais que vivem a angústia da falta de notícias sobre seus filhos. A situação é mais dramática na capital, onde o paradeiro de 239 menores de 18 anos é desconhecido pelas famílias e também pela polícia. Nesta quarta-feira (25), no Dia Internacional de Combate ao Desaparecimento de Crianças e Adolescentes, a delegacia especializada nessas ocorrências realizou uma campanha no Centro de Belo Horizonte para orientar a população sobre como prevenir o sumiço de meninos e meninas e agir diante destes casos.

De 2006 até março deste ano, a delegacia de desaparecidos de Belo Horizonte registrou 2.337 reclamações de familiares de menores e conseguiu localizar 2.129. A maior incidência de sumiços ocorreu na faixa de idade entre 12 a 17 anos, considerados adolescentes. Eles representaram 1.937 ocorrências ante 400 casos envolvendo crianças com idade até 11 anos.

Durante todo o dia a delegada Cristina Coeli, titular da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, policiais civis e assistentes sociais esteve no quarteirão fechado da Rua dos Carijós para tirar dúvidas da população sobre como proceder em caso de desaparecimento. Grande parte dos questionamentos de quem passou pelo local era em relação ao prazo entre o sumiço da pessoa e o acionamento da polícia.

Cristina Coeli ressaltou que não é necessário esperar 24 ou 48 horas para fazer o registro na delegacia. “Quanto mais rápido o comunicado, maiores são as chances de conseguir sucesso na operação”. No entanto, a delegada ressalta que, mesmo em casos mais antigos, que por algum motivo não foram comunicados, os responsáveis devem registrar a ocorrência. O evento serviu ainda pedir ajuda da população caso identifiquem nos cartazes de ônibus ou na conta de água as pessoas dadas como desaparecidas.

Atualmente a unidade conta com 38 profissionais para desvendar casos como o da jovem Raquel Pereira Trindade, de Belo Horizonte, que desapareceu em novembro de 2009 quando tinha 13 anos. A delegada explica que a maior dificuldade neste tipo de investigação é a falta de informações fornecidas pelas famílias dos desaparecidos, que muitas vezes desconhecem a rotina deles e seus ciclos de amizade.

Ainda conforme a delegada Cristina Coeli, um estudo realizado pela unidade com as pessoas encontradas detectou que, na maioria dos casos, o desaparecimento foi voluntário, motivado por conflitos intra-familiares. A delegada explica que esses conflitos podem vir de atos criminosos ou desavenças. “Situações de crimes são aquelas em que as crianças ou adolescentes deixam suas casas após serem estupradas ou agredidas pelos próprios pais. Para fugir da situação elas acabam abandonando o lar”, explica. Outros desaparecimentos estão relacionados a homicídios, exploração sexual e subtração de incapaz.

Com o levantamento dos motivos que levam as pessoas a abandonar o lar é possível ainda avaliar a relação entre elas e seus familiares. Psicólogos e assistentes sociais fazem entrevistas, e caso descubram que o menor é vítima de maus-tratos ou de negligências por parte dos pais o Conselho Tutelar é acionado. “Temos que evitar que estas crianças voltem a ter vontade de sair de casa. Daí a importância dessa pesquisa de retorno”.

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